segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Internet amplia acesso de jovens a informações sobre política


Hoje, os tempos são outros. A oferta de informação é cada dia maior e os jovens estão cada vez mais expostos à política por intermédio da internet.


Nas conversas sobre política na casa do estudante Lucas Moraes Rau, 17 anos, os pais costumam lembrar das dificuldades para se informar sobre o tema na época em que tinham a idade do filho.

Para saber quem estava à frente nas pesquisas eleitorais, quais eram as propostas dos partidos e a agenda dos candidatos era preciso esperar pelo horário do jornal ou assistir à propaganda eleitoral gratuita – uma novidade depois de 21 anos de ditadura militar, mas ainda assim, considerado monótono e pouco informativo. Hoje, os tempos são outros. A oferta de informação é cada dia maior e os jovens estão cada vez mais expostos à política por intermédio da internet. Principal usuário das redes sociais, quem ainda vai estrear o título de eleitor – jovens entre 16 e 18 anos – vez ou outra se depara com o tema. Políticos dão opinião sobre tudo no Twitter (sistema de microblog) e o número de comunidades sobre política cresce dia a dia no Orkut (popular rede de relacionamento on-line).

“Eles falam que na eleição para presidente de 1989, a [oferta de] informação era bem menor, você dependia muito do que passava na tevê. Hoje, como você fica um bom tempo conectado, uma hora ou outra você acaba lendo uma notícia de política e tem a oportunidade de se informar mais”, afirma Lucas. O colega Álvaro Baptista Neto, 16, concorda. “Com a Internet, é impossível você não ficar mais exposto. Você abre a janela e, através de um portal de notícias, já fica sabendo o que o Serra e a Dilma disseram naquele dia.”

A questão, no entanto, é o quanto essa ampla exposição resulta efetivamente em maior participação política dessa faixa etária, vista historicamente como pouco afeita a discutir os rumos do país. Para o cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Emerson Cervi, travar maior contato com o tema não significa, necessariamente, se interessar mais por ele.

“Hoje, o que se percebe é que a internet é usada mais como um espaço de conversação do que para a aquisição de conhecimento. Nesse sentido, ela só acrescenta a quem já se interessa por política, mas não tem eficácia alguma sobre quem não gosta”, afirma.

De acordo com Cervi, a ferramento pode servir como aliada no sentido de encurtar distâncias, ser mais rápida e plural. Por meio da rede, é possível a uma pessoa que se interesse por ecologia, por exemplo, encontrar mais informações em sites, conhecer outras opiniões em blogs e criar contato com quem também acompanha a área nas redes de relacionamento. “A internet não converte ninguém, o que ela faz é pregar para quem já lhe dá espaço.”

Na opinião do secretário-geral do PSDB Jovem do Paraná, Edson Lau Filho, porém, a exposição pode despertar o interesse em jovens que ainda não são seduzidos pelo universo político. O secretário afirma que a maioria dos jovens não se conecta em busca de notícias sobre política, mas que a possibilidade de abrir várias abas e clicar em links ao longo das páginas faz com que, uma hora ou outra, os eleitores de primeira viagem acabem tomando conhecimento e até se interessando por temas que, cada vez mais, pedem a sua atenção. Na avaliação dele, a apatia da juventude em relação à política não vem de um desinteresse pelo assunto em si, mas pela forma como ele se apresenta.

“O jovem certamente é diferente do público que assiste aos jornais e acompanha o horário eleitoral gratuito, mas quando o candidato fala a linguagem dele, ele se interessa.”

*Foto: Raphael Ribeiro

Via VoteBrasil

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